Coldplay e marketing: A fórmula para o sucesso

Olá pessoas! Tudo bem com vocês? Espero sinceramente que sim!

Entre pulseiras brilhantes sincronizadas, balões gigantes lançados na multidão e muitas luzes coloridas, o Coldplay usa estratégias bem estabelecidas para envolver seus fãs. Mas esses shows também apresentam novos elementos de marketing. Alguns já são bem-sucedidos; outros não foram planejados; outros geraram controvérsias.

Neste artigo, conheça algumas táticas de comunicação e marketing utilizadas pelo Coldplay nos últimos anos para promover seus álbuns e envolver os fãs durante os shows.

 

Coldplay e interação nas redes sociais

O Coldplay é considerado pelos especialistas como pioneiro no uso das redes sociais para divulgar suas atividades. Aproveitaram de forma inteligente o sucesso inicial do Snapchat, tirando fotos e gravando vídeos nos quais compartilhavam sua vida cotidiana durante as turnês mundiais. Portanto, não é surpreendente que a banda britânica seja particularmente ativa no TikTok hoje em dia.

A interação com os fãs e a criação de um vínculo emocional sempre foram os fundamentos das estratégias de marketing e comunicação do Coldplay. Em 2015, por exemplo, a banda decidiu criar um vídeo de uma de suas músicas combinando vídeos enviados pelos fãs. Posteriormente, eles pediram para compartilhar momentos do cotidiano de fãs de todo o mundo e, dois anos depois, usaram esses clipes para o vídeo “Amazing Day” postado no YouTube.

 

 

“A caça ao tesouro” do Coldplay

Mas como acontece a promoção de um novo álbum? Geralmente, o anúncio de um novo disco no Facebook e no Instagram envolve a publicação de imagens encriptadas que informam os seguidores sobre a chegada iminente de algo importante e, posteriormente, liberando outras informações mais detalhadas.

No entanto, uma estratégia menos convencional foi usada para promover o lançamento de “Ghost Stories“. Nessa ocasião, o Coldplay usou principalmente o Twitter, criando uma verdadeira caça ao tesouro transmídia.

A equipe de apoio da banda escondeu nove cartas escritas à mão por Chris Martin contendo as letras das nove músicas que comporiam o álbum em nove bibliotecas ao redor do mundo. Além disso, fazendo referência ao famoso filme “Charlie e a Fábrica de Chocolate” (2005), eles inseriram em um dos envelopes um bilhete dourado com uma passagem adicional de avião para Londres, a cidade de estreia da nova turnê.

 

 

A iniciativa foi promovida quase exclusivamente no Twitter, onde a hashtag #LyricsHunt foi patrocinada e essa estratégia teve resultados múltiplos.

Não apenas o Coldplay anunciou o novo álbum de uma maneira original, fazendo as pessoas falarem sobre eles através do boca a boca e não apenas com o conteúdo postado em seus perfis, mas eles criaram um evento que lhes permitiu envolver diretamente seus fãs – tornando-os parte de um jogo único – e ao mesmo tempo aumentar o número de seguidores no Twitter, uma rede social na época não tão usada pelo grupo e seus próprios fãs.

 

Interação e emoção nos shows do Coldplay

O Coldplay implementou várias estratégias de marketing durante seus shows com o objetivo não apenas de envolver o público durante o evento, mas também de incentivar a criação de conteúdo gerado pelo usuário (UGC, na sigla em inglês).

O grupo foca principalmente no marketing sensorial: estratégias voltadas para estabelecer emoções e sentimentos positivos por meio da estimulação dos cinco sentidos.

A banda liderada por Chris Martin colabora há alguns anos com a empresa de produção SD Concerts  para criar experiências sensoriais únicas em cada show. Uma das primeiras ocorreu durante a turnê “Mylo Xyloto“. Cada espectador recebeu uma pulseira de LED controlada remotamente, as Xylobands. O efeito cênico obtido durante o show foi divulgado nas redes sociais, ampliando seu alcance.

 

 

A plateia do show também teve a oportunidade de brincar com balões, criando um efeito cênico que – combinado com as luzes projetadas no palco e as notas da música – gerou um forte impacto emocional, a ponto de ser compartilhado nas redes sociais e nos principais portais de notícias dedicados ao mundo da música e além, aumentando a exposição midiática do Coldplay. 

 

O foco na inclusão

A inclusão de minorias ou pessoas com deficiência é uma questão muito importante para as gerações mais novas. Focar nisso permite incluir um novo público-alvo e melhorar a percepção da marca. Isso não se aplica apenas a empresas, mas também a figuras públicas e artistas, que podem criar experiências imersivas adequadas para todos.

Durante as datas da mais recente turnê internacional “Music of the Spheres” na América Latina, o Coldplay – além de ter falado espanhol durante toda a duração do show para ser mais compreensível para um público não tão familiarizado com o idioma inglês – também distribuiu equipamentos para espectadores surdos poderem aproveitar o show.

 

 

Coldplay, revenda de ingressos e marketing de escassez

Como vimos, o Coldplay sempre gera muita expectativa quando anuncia um novo álbum e seus próprios shows. Portanto, não é surpreendente que os ingressos para muitas datas se esgotem rapidamente. No entanto, às vezes os ingressos não são comprados apenas pelos fãs, mas também por chamados “cambistas” (scalpers), pessoas ou empresas que compram grandes volumes de ingressos e depois os revendem a um preço mais alto no mercado de revenda de ingressos.

Até alguns anos atrás, as principais plataformas de venda não impunham limites na compra de ingressos. Assim, ainda que indiretamente, favoreciam essa prática. Foi justamente uma turnê do Coldplay em 2015-2016 que expôs a caixa de Pandora e gerou uma reação tão forte dos consumidores (que já vinham lidando com essa questão por algum tempo) a ponto de provocar a abertura de investigações e, posteriormente, fazer com que todas as principais plataformas de venda impusessem um limite nominal para a compra de ingressos por pessoa.

 

Mas o que isso tem a ver com marketing?

Embora não seja uma estratégia intencional do Coldplay, a banda se beneficiou de certa forma. A escassez e a dificuldade em conseguir um ingresso geraram tanta expectativa em torno do evento que até mesmo aqueles que não se consideram verdadeiros fãs desejam participar do show a todo custo. Em suma, a lógica e a psicologia que regem o marketing de escassez e o FOMO (Fear Of Missing Out – Medo de Perder) transformaram o show do Coldplay no evento imperdível por excelência – o lugar para se estar.

 

Fonte: jn.pt. A procura por bilhetes em Portugal chegou a beira da loucura!

 

Coldplay e as acusações de greenwashing

Durante a fase promocional da nova turnê mundial dedicada ao álbum “Music of the Spheres“, o Coldplay anunciou que, graças às parcerias com várias empresas, os shows seriam totalmente eco-sustentáveis. No entanto, algumas dessas colaborações se revelaram operações de greenwashing.

Mas o que isso significa especificamente? O Cambridge Dictionary identifica o termo greenwashing como o conjunto de técnicas de comunicação e marketing utilizadas por empresas, instituições e organizações com o objetivo de realçar os efeitos positivos de algumas iniciativas e, ao mesmo tempo, tentar ocultar o impacto ambiental negativo de outras ou da empresa como um todo.

Neste caso específico, a banda se associou à empresa finlandesa de petróleo Neste: graças aos combustíveis renováveis da empresa, o Coldplay conseguiu reduzir pela metade as emissões de seus transportes.

No entanto, a empresa também produz óleo de palma e, entre 2019 e 2020, foi responsável pelo desmatamento de mais de 10.000 hectares de floresta na Indonésia e na Malásia, além de ter sido acusada de corrupção e violação dos direitos dos trabalhadores.

As críticas, obviamente, afetaram o Coldplay, sendo acusado de ser “útil para o greenwashing“. Mais controvérsias surgiram após a colaboração com a BMW, fabricante alemã de automóveis que forneceu à banda quarenta baterias elétricas de baixíssima emissão para alimentar os shows. No entanto, a empresa foi acusada de fazer lobby para impedir que a União Europeia estabelecesse 2035 como prazo para veículos emissivos de CO2.

 

 

O Coldplay imediatamente assumiu a responsabilidade, pedindo desculpas pelo erro: “Quando anunciamos essa turnê, dissemos que faríamos o possível para torná-la o mais sustentável e com baixo impacto de carbono possível, mas que seria um trabalho constante. Isso continua sendo verdade. Não afirmamos ter acertado em todas as nossas parcerias e iniciativas, e reconhecemos que cometemos erros ao escolher algumas empresas que não estavam alinhadas com nossos valores ambientais. Estamos comprometidos em aprender com essas experiências e melhorar em futuras colaborações.

Essa controvérsia destacou a importância de uma abordagem mais cuidadosa e transparente por parte das empresas em relação às suas ações ambientais. Muitos fãs e críticos enfatizaram a necessidade de uma responsabilidade maior e de uma escolha mais consciente por parte das celebridades e artistas ao se associarem a empresas e marcas.

 

“Nobody said it was easy…”

O Coldplay, como muitos outros artistas, está constantemente enfrentando desafios e questões relacionadas ao marketing e a comunicação. Seja na criação de experiências únicas para os fãs, como no caso da venda de ingressos, ou no compromisso com a sustentabilidade, as estratégias e ações da banda têm o potencial de impactar tanto positiva quanto negativamente sua relação com o público. A transparência, a autenticidade e o aprendizado contínuo desempenham um papel fundamental na gestão dessas questões e na manutenção de uma conexão duradoura com os fãs.

 

 

Gostando ou não da banda, devemos admitir ser um baita case de marketing e um bom exemplo de que ao comprar um ingresso, você não vai assistir apenas a um show, mas sim viver uma experiência.

Beijo grande e até o próximo artigo!

 

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